O cinema da Sinhazinha – prof. João Batista
O Cinema da Sinhazinha Jaguaribe
O professor João Batista da Silva Moreira escreveu em sua graduação de
História sobre o famoso cinema da Sinhazinha Jaguaribe, ele nos reporta algumas
de suas descobertas.
Memórias de Jaguaruana: O que o levou a pesquisar esse assunto?
João Batista: Quando
estava estudando história, minha monografia seria sobre o Padre Marcondes que
foi um padre daqui que era muito empreendedor, ele fazia igreja, fazia praça,
fazia casa para viúvas, oficina para jovens trabalharem com ferragem e com
madeira. E tem uma estória que diz que ele foi quase expulso de Jaguaruana,
colocaram até fezes na porta dele, então eu fiquei intrigado com isso. Como ele
era tão bom e porque foi expulso? Minha primeira tentativa era falar sobre a
vida dele, mas como ele viveu em uma época muito distante, em 1920 a 1945 não
tinham fontes. Só tinha fonte oral e aí não batia a conversa de um com outro,
ficou difícil.
Aí para
terminar a faculdade eu migrei para o cinema da Sinhazinha que chama atenção
porque meus tios falavam muito desse cinema e que era o principal ponto de
encontro dos jovens e através do cinema eu vim em busca de perceber como era
Jaguaruana nessa época, a questão social, a fonte de renda. O ponto de partida
era o cinema.
Memórias de Jaguaruana: Você teria fotos para nos emprestar?
João Batista: Não, essa
monografia nunca a tive impressa, porque na época que eu fiz faculdade não era
obrigatório defender, então era só fazer a monografia, entregar ao orientador e
receber a nota. Então nunca tive essa preocupação e deixei no computador, aí
perdi o computador e foi embora tudo.
Memórias de Jaguaruana: Mas sobre o cinema da Sinhazinha, onde
poderíamos encontrar fotos da época?
João Batista: Fotos da
época não tem, o que tinha era o registro da dona Sinhazinha, que estão até
hoje na casa dela e com a família Jaguaribe. Eles têm o livro de registro e ele
diz qual era o filme, porque não teve filme naquele dia, se foi por causa da
chuva, a quantidade de pessoas que entrava... O restante foi fonte oral,
conversando com meus tios, com o pessoal da época. A pessoa que passava os
filmes é bem conhecido, é o Seu Zé Aníbal, a maior parte da monografia quem
explicou foi ele.
Memórias de Jaguaruana: O cinema era na quadra da UNIC?
João Batista: Isso,
depois foi a câmara dos vereadores e agora é a UNIC.
Memórias de Jaguaruana: Que importância você dá a esse assunto da
pesquisa?
João Batista: A pesquisa é
muito boa porque a gente traz a nossa história. Tem muita coisa interessante
que é comum da gente e a gente não percebe de onde veio. Com a pesquisa do
cinema da Sinhazinha eu descobri que o nome de Jaguaruana que é ensinado na
escola é falso.
Diz-se que
‘Jaguar’ de onça e ‘una’ preta e o ‘a’ de Santana, essa é a história que a
gente aprende aqui. O seu Zé do Aníbal quando era criança participou (e aí
misturaram-se as duas pesquisas) ele lembra que o padre Marcondes participou do
nome de Jaguaruana que foi formado por ‘jaguar’ o rio, o ‘u’ quer dizer União e
‘ana’ que vem de Santana. Tanto é que o gado até hoje é marcado com a letra U e
mais outro símbolo pra dizer que é de Jaguaruana. Então não tem nada a ver com
a onça.
Isso tudo não
tem registro, mas como ele é contemporâneo desse período, era criança e ouvia
as histórias do pai e do padre tem isso aí. Mas oficial mesmo é essa da onça
preta que até hoje não entendo se aqui nem tinha onça.
Memórias de Jaguaruana: Como as pessoas veem o cinema da
Sinhazinha?
João Batista: As pessoas
que tem entre 55 e 60 anos quando se fala de cinema aí eles vão contar o que
faziam, como era bom, quando o filme era interessante. Eles voltam ao passado.
E aí eu acho interessante que as cidades quando têm algo a tendência é melhorar
e acho uma pena que Jaguaruana que já teve cinema, hoje não tem mais.
Memórias de Jaguaruana: Em que época estamos falando desse cinema
60, 70?
João Batista: É 1960,
1970 já tinha um negócio desses e hoje não tem. Já teve jornal impresso, era o
Jornal União aqui em Jaguaruana.
Memórias de Jaguaruana: Após essa pesquisa que conclusões você pode
tirar?
João Batista: Pessoalmente
acho que é muito difícil trabalhar com fonte oral.
João Batista da Silva
Moreira é professor há 14 anos.
Licenciado em História (UECE);
Licenciado em Matemática (UVA);
Pós-graduado em Psicopedagogia
Monografia de história O Cinema da Sinhazinha
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