Colégio Pontes Barbosa
Memórias
de Jaguaruana: Conte-nos um pouco sobre a história.
Ricardo
Barbosa: O nome do Colégio Pontes Barbosa veio da Escolinha Vovô Pontes,
na década de 80. O senhor José Pontes Barbosa e a dona Maria do Céu tinham sete
filhos, destes filhos, boa parte das meninas faziam curso normal, se preparavam
para ser professoras. Então, a filha mais velha das meninas, professora Darci
queria abrir uma escolinha para ela, uma espécie de reforço escolar. Ela
começou com nove alunos na garagem de sua casa, casa do seu José Pontes em
Fortaleza.
Só que ela só tinha a cara e a coragem, então pediu ajuda ao nosso
pai e ele fez quatro conjuntos de mesas e cadeiras. Ele era marceneiro,
excelente por sinal. Era o ano de 1983. Engraçado que como Darci não tinha como
tirar cópias, não tinha xerox, nem dinheiro, papai pegou um dinheirinho dele e
comprou um mimeógrafo usado. Foi a primeira máquina no primeiro ano. A gente
até se emociona contando essa história tão bonita.
A partir de então começou a crescer. Esses nove alunos
continuaram, entraram mais alunos e na medida em que os anos se passavam, essa
garagem virou galpão, dele foram feitas outras salas e no decorrer de vinte e
cinco anos a escola cresceu muito.
No início de 1983 e até 1985 a Socorro
Barbosa, atual proprietária do Colégio de Jaguaruana também lecionava lá. Mas
ela casou e mudou-se para Jaguaruana e aqui fez o mesmo percurso. Então as duas
escolas cresceram com o mesmo nome fantasia embora com razões sociais
diferentes. Eram duas Escolinhas Vovô Pontes. A escola cresceu, todos os irmãos
trabalhavam lá, o seu José Pontes era o porteiro da escolinha de Fortaleza,
então uma característica marcante do “vovô Pontes”. Até hoje temos ex-alunos
que lembram com saudosismo os beijos que o vovô Pontes dava em cada aluno que
entrava e saia lá da escola. Por vários anos o vovô Pontes permaneceu, ele
fazia os móveis, fazia manutenção e ficava na portaria.
Simultaneamente a escola aqui em
Jaguaruana começava a crescer. Em meados da década de 1990 a escola de
Fortaleza chegou a ter mais de 500 alunos até a antiga oitava série. A cantina
da escola era mantida pela nossa saudosa mãe, dona Ducéu e a família trabalhava
lá. Eu também iniciei na educação, logo que entrei na faculdade comecei a
lecionar lá. Trabalhei em todos os setores da educação infantil até o Ensino
Médio. Gradativamente na escola de Fortaleza os irmão tomaram outros rumos,
vovô Pontes e Maria Ducéu já não tinham
mais idade. A escola inicialmente foi arrendada para o grupo de professores,
mas gradativamente a gente foi diminuindo as atividades e a ligação até que
cerca de 15 anos atrás a escola fechou, vendemos o prédio até por uma questão
de tranquilidade.
Nesse meio tempo a escola aqui que
começara cinco anos depois, já vai fazer 29 anos, começou numa antiga fábrica
de redes. A Socorro começo com pouquíssimos alunos, gradativamente foi
crescendo e hoje contamos com mais de 400 alunos. É uma escola particular de
referência em todo o vale. Temos alunos desde a educação infantil até o Ensino
Médio, uma linha de trabalho admirável. Há alguns anos vim trabalhar aqui e ano
passado assumi a direção.
Memórias
de Jaguaruana: Quando é que saiu o nome “escolinha”?
Ricardo
Barbosa: As duas
escolas sempre começaram com educação infantil, com o perfil de escola de
bairro. Então o nome “Escolinha Vovô Pontes” durou muito tempo até que a
quantidade de alunos de Ensino Fundamental começou a crescer ficava meio sem
graça o garoto(a) de 14 anos dizer que estudava em uma escolinha. Mudou-se
então para Colégio Pontes Barbosa mantendo o nome do nosso ilustríssimo vovô
Pontes.
Memórias
de Jaguaruana: Vale a pena contar-nos um pouco da
história de seus pais.
Ricardo
Barbosa: Papai era
marceneiro e mamãe era costureira, ambos eram serventes em uma escola pública
de Fortaleza, eram zeladores na escola em que eu estudei junto com meus irmão
homens. Quando findava o horário de aula eles iam lá varrer a sala em que eu
estudava, então sempre um exemplo muito grande. Ele também trabalhava na
marcenaria da escola, Salesiano Dom Bosco. Minha mãe também era costureira, costurava
muito bem e todos os finais de semana, papai, mamãe e todos os irmão
trabalhávamos em feira livre, éramos feirantes, nós vendíamos tecido. Então
trabalhávamos de segunda a sexta, na sexta-feira à noite começávamos a dividir
os irmãos que iriam para as cidades do interior, se iam de ônibus, levavam os
pacotes na cabeça, tudo jovens, adolescentes. E assim a gente conseguiu juntar
um dinheirinho e montar nossas escolas.
História muito bacana, né? Praticamente todos os irmãos são
formados, tem irmão engenheiro, enfermeira, eu terminei fonologia, também sou
licenciado em biologia, tenho mais duas irmãs licenciadas em pedagogia. E tudo
isso com muita luta, muito amor. Coisa de família.
Memórias
de Jaguaruana: O papel de Darci foi fundamental, né?
Ricardo
Barbosa: Sempre
coloco que o seu José Pontes não foi o idealizador do Colégio Pontes Barbosa, a
pessoa, a mente, a pedra fundamental foi nossa irmã Darci diretora da escola de
Fortaleza por muitos anos. Socorro, vindo pra Jaguaruana iniciou essa escola.
As escolas não tinham nenhum vínculo direto, tudo era mio informal, mas usavam
a mesma farda, a mesma logomarca. O ideal e o amor pela educação foi sempre uma
coisa comum em todos nós, todos os irmãos. Direta ou indiretamente ligados à
educação, fazíamos os desenhos e pintávamos a escola inteira.
Memórias
de Jaguaruana: Quantos filhos seu José Pontes teve?
Ricardo
Barbosa: Seu José
Pontes foi pai de Sebastião, Darci, Sueli, Francisco, Socorro, Elizabete,
Ricardo Adriana, oito filhos. Desse apenas sete chegaram a idade adulta, mas
ele criou uma outra filha, que é como se fosse nossa segunda mãe, foi pra casa
da minha mãe e até hoje mora conosco, é a Luci.
A
escola tem o nome em homenagem a ele, o homem que ele era. O nome foi dado
ainda em vida e até porque a escola era a cara dele, ele contribuiu muito. Era
um homem muito calado, mas muito dedicado aos filhos, sabendo que a gente
precisava de alguma coisa nos ouvia reclamar durante o dia, no dia seguinte
aquela coisa ‘tava’ lá.
Memórias
de Jaguaruana: Há alguma curiosidade que você gostaria de
ressaltar?
Ricardo
Barbosa: Deixa eu
ver... É eu sempre gosto de considerar que é sempre uma história muito bonita
de união da família, todos os filhos trabalharam na escola, na secretaria, na
direção, como professor. Tanto em Fortaleza como aqui é uma escola com a qual
as pessoas criam vínculos. Completamos agora em nove de março vinte e nove anos
de educação, quase três décadas. A educação da cidade de Jaguaruana deve muito ao
Colégio Pontes Barbosa, pois já são vários médicos, advogados, engenheiros,
vários pais de família que passaram por nossa escola.
Memórias
de Jaguaruana: Você
quer ressaltar alguns valores da escola?
Ricardo
Barbosa: Bem, a
escola trabalha em cima dos valores humanos, a honestidade, o amor ao próximo,
a caridade. São eles que sempre ficam à frente, tanto é que muitas veze nós
fomos criticados na área empresarial por não vislumbrar tanto o lucro e sim
manter a qualidade da escola. Questão da valorização dos nossos funcionários,
as condições de trabalho são sempre as melhores possíveis dentro do nosso
alcance. A escola é muito ligada a família, aos valores, de manter o laço
familiar. Por muitos anos até se confundia muito essa questão da escola e
família, fui difícil ‘pra’ gente começar a ter um olhar mais empresarial.
Fonte: Ricardo Araújo Barbosa,
Bacharel e licenciado em Fonoaldiologia, licenciado
em Biologia, pós-graduado em Metodologia de Ensino, pós-graduando em Gestão Escolar.
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