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06:32
Colégio Pontes Barbosa
Ricardo
Araújo Barbosa, filho caçula da família Pontes Barbosa e diretor do colégio, nos
concedeu uma entrevista contando a história desta casa.
Memórias
de Jaguaruana: Conte-nos um pouco sobre a história.
Ricardo
Barbosa: O nome do Colégio Pontes Barbosa veio da Escolinha Vovô Pontes,
na década de 80. O senhor José Pontes Barbosa e a dona Maria do Céu tinham sete
filhos, destes filhos, boa parte das meninas faziam curso normal, se preparavam
para ser professoras. Então, a filha mais velha das meninas, professora Darci
queria abrir uma escolinha para ela, uma espécie de reforço escolar. Ela
começou com nove alunos na garagem de sua casa, casa do seu José Pontes em
Fortaleza.
Só que ela só tinha a cara e a coragem, então pediu ajuda ao nosso
pai e ele fez quatro conjuntos de mesas e cadeiras. Ele era marceneiro,
excelente por sinal. Era o ano de 1983. Engraçado que como Darci não tinha como
tirar cópias, não tinha xerox, nem dinheiro, papai pegou um dinheirinho dele e
comprou um mimeógrafo usado. Foi a primeira máquina no primeiro ano. A gente
até se emociona contando essa história tão bonita.
A partir de então começou a crescer. Esses nove alunos
continuaram, entraram mais alunos e na medida em que os anos se passavam, essa
garagem virou galpão, dele foram feitas outras salas e no decorrer de vinte e
cinco anos a escola cresceu muito.
No início de 1983 e até 1985 a Socorro
Barbosa, atual proprietária do Colégio de Jaguaruana também lecionava lá. Mas
ela casou e mudou-se para Jaguaruana e aqui fez o mesmo percurso. Então as duas
escolas cresceram com o mesmo nome fantasia embora com razões sociais
diferentes. Eram duas Escolinhas Vovô Pontes. A escola cresceu, todos os irmãos
trabalhavam lá, o seu José Pontes era o porteiro da escolinha de Fortaleza,
então uma característica marcante do “vovô Pontes”. Até hoje temos ex-alunos
que lembram com saudosismo os beijos que o vovô Pontes dava em cada aluno que
entrava e saia lá da escola. Por vários anos o vovô Pontes permaneceu, ele
fazia os móveis, fazia manutenção e ficava na portaria.
Simultaneamente a escola aqui em
Jaguaruana começava a crescer. Em meados da década de 1990 a escola de
Fortaleza chegou a ter mais de 500 alunos até a antiga oitava série. A cantina
da escola era mantida pela nossa saudosa mãe, dona Ducéu e a família trabalhava
lá. Eu também iniciei na educação, logo que entrei na faculdade comecei a
lecionar lá. Trabalhei em todos os setores da educação infantil até o Ensino
Médio. Gradativamente na escola de Fortaleza os irmão tomaram outros rumos,
vovô Pontes e Maria Ducéu já não tinham
mais idade. A escola inicialmente foi arrendada para o grupo de professores,
mas gradativamente a gente foi diminuindo as atividades e a ligação até que
cerca de 15 anos atrás a escola fechou, vendemos o prédio até por uma questão
de tranquilidade.
Nesse meio tempo a escola aqui que
começara cinco anos depois, já vai fazer 29 anos, começou numa antiga fábrica
de redes. A Socorro começo com pouquíssimos alunos, gradativamente foi
crescendo e hoje contamos com mais de 400 alunos. É uma escola particular de
referência em todo o vale. Temos alunos desde a educação infantil até o Ensino
Médio, uma linha de trabalho admirável. Há alguns anos vim trabalhar aqui e ano
passado assumi a direção.
Memórias
de Jaguaruana: Quando é que saiu o nome “escolinha”?
Ricardo
Barbosa: As duas
escolas sempre começaram com educação infantil, com o perfil de escola de
bairro. Então o nome “Escolinha Vovô Pontes” durou muito tempo até que a
quantidade de alunos de Ensino Fundamental começou a crescer ficava meio sem
graça o garoto(a) de 14 anos dizer que estudava em uma escolinha. Mudou-se
então para Colégio Pontes Barbosa mantendo o nome do nosso ilustríssimo vovô
Pontes.
Memórias
de Jaguaruana: Vale a pena contar-nos um pouco da
história de seus pais.
Ricardo
Barbosa: Papai era
marceneiro e mamãe era costureira, ambos eram serventes em uma escola pública
de Fortaleza, eram zeladores na escola em que eu estudei junto com meus irmão
homens. Quando findava o horário de aula eles iam lá varrer a sala em que eu
estudava, então sempre um exemplo muito grande. Ele também trabalhava na
marcenaria da escola, Salesiano Dom Bosco. Minha mãe também era costureira, costurava
muito bem e todos os finais de semana, papai, mamãe e todos os irmão
trabalhávamos em feira livre, éramos feirantes, nós vendíamos tecido. Então
trabalhávamos de segunda a sexta, na sexta-feira à noite começávamos a dividir
os irmãos que iriam para as cidades do interior, se iam de ônibus, levavam os
pacotes na cabeça, tudo jovens, adolescentes. E assim a gente conseguiu juntar
um dinheirinho e montar nossas escolas.
História muito bacana, né? Praticamente todos os irmãos são
formados, tem irmão engenheiro, enfermeira, eu terminei fonologia, também sou
licenciado em biologia, tenho mais duas irmãs licenciadas em pedagogia. E tudo
isso com muita luta, muito amor. Coisa de família.
Memórias
de Jaguaruana: O papel de Darci foi fundamental, né?
Ricardo
Barbosa: Sempre
coloco que o seu José Pontes não foi o idealizador do Colégio Pontes Barbosa, a
pessoa, a mente, a pedra fundamental foi nossa irmã Darci diretora da escola de
Fortaleza por muitos anos. Socorro, vindo pra Jaguaruana iniciou essa escola.
As escolas não tinham nenhum vínculo direto, tudo era mio informal, mas usavam
a mesma farda, a mesma logomarca. O ideal e o amor pela educação foi sempre uma
coisa comum em todos nós, todos os irmãos. Direta ou indiretamente ligados à
educação, fazíamos os desenhos e pintávamos a escola inteira.
Memórias
de Jaguaruana: Quantos filhos seu José Pontes teve?
Ricardo
Barbosa: Seu José
Pontes foi pai de Sebastião, Darci, Sueli, Francisco, Socorro, Elizabete,
Ricardo Adriana, oito filhos. Desse apenas sete chegaram a idade adulta, mas
ele criou uma outra filha, que é como se fosse nossa segunda mãe, foi pra casa
da minha mãe e até hoje mora conosco, é a Luci.
A
escola tem o nome em homenagem a ele, o homem que ele era. O nome foi dado
ainda em vida e até porque a escola era a cara dele, ele contribuiu muito. Era
um homem muito calado, mas muito dedicado aos filhos, sabendo que a gente
precisava de alguma coisa nos ouvia reclamar durante o dia, no dia seguinte
aquela coisa ‘tava’ lá.
Memórias
de Jaguaruana: Há alguma curiosidade que você gostaria de
ressaltar?
Ricardo
Barbosa: Deixa eu
ver... É eu sempre gosto de considerar que é sempre uma história muito bonita
de união da família, todos os filhos trabalharam na escola, na secretaria, na
direção, como professor. Tanto em Fortaleza como aqui é uma escola com a qual
as pessoas criam vínculos. Completamos agora em nove de março vinte e nove anos
de educação, quase três décadas. A educação da cidade de Jaguaruana deve muito ao
Colégio Pontes Barbosa, pois já são vários médicos, advogados, engenheiros,
vários pais de família que passaram por nossa escola.
Memórias
de Jaguaruana: Você
quer ressaltar alguns valores da escola?
Ricardo
Barbosa: Bem, a
escola trabalha em cima dos valores humanos, a honestidade, o amor ao próximo,
a caridade. São eles que sempre ficam à frente, tanto é que muitas veze nós
fomos criticados na área empresarial por não vislumbrar tanto o lucro e sim
manter a qualidade da escola. Questão da valorização dos nossos funcionários,
as condições de trabalho são sempre as melhores possíveis dentro do nosso
alcance. A escola é muito ligada a família, aos valores, de manter o laço
familiar. Por muitos anos até se confundia muito essa questão da escola e
família, fui difícil ‘pra’ gente começar a ter um olhar mais empresarial.
Fonte: Ricardo Araújo Barbosa,
Bacharel e licenciado em Fonoaldiologia, licenciado
em Biologia, pós-graduado em Metodologia de Ensino, pós-graduando em Gestão Escolar.
06:30
HINO DA ESCOLA
Histórico
da Escola
Como
criação do Órgão Municipal de Educação (2º criado no Ceará) em março de 1969,
conheceu-se a realidade do município e através do então prefeito Benévolo Gomos
Diniz, reuniu em um só local todas as salas de aulas das professoras do
município localizadas em espaços cedidos por instituições como: salão paroquial
da igreja católica, em espaços cedidos privados como Salão dos “Jaguaribes” e o
Centro Educacional Cônego Agostinho.
Em 1974,
o Sr. José Hamilton de Oliveira, vice do Prefeito Manuel Barbosa Rodrigues,
tomou posse dos dados e elaborou projetos para o Ministério da Educação e
Cultura (MEC), onde propunha a construção de prédios escolares que viessem
atender a demanda existente no município. Devido a necessidade, foi rapidamente
atendido e através do convênio MEC/Prefeitura, em fins de 1976 foi construído o
prédio em forma de “T”.
Em
agosto de 1977, reuniram-se as salas de aulas que funcionavam nas residências
dos professores e em espaços cedidos por outras repartições públicas. Essa
junção chegou a 12 turmas distribuídas em três turnos e assim forma a Escola
Municipal Comunitária, em que fazia parte do quadro funcional, professora Cleonice
Alexandre Rebouças (Coordenadora do Departamento Municipal de Educação e
Diretora da Escola).
Em 18
de Maio de 1978, o Prefeito Raimundo Francisco Freitas Jaguaribe, através da
Lei Municipal Nº. 16 e com autorização do CEC o Parecer 963/78, cria a Escola
de 1º Grau Geraldo Correia Lima, em homenagem ao primeiro mestre de Jaguaruana
o “Padim Gerardo” ou “Mestre Gerardinho”. Nesse período foi designada para o
cargo de Diretora a Sra. Francisca Coelha Lemos.
Em 27
de março de 1980, o então prefeito Raimundo Francisco Freitas Jaguaribe nomeia
a através da portaria Nº. 018/80 como Diretora da mesma a professora Francisca
Lígia de Paula Santiago.
Entre
os anos de 1991 a 1999 passou a chamar-se de Escola de 1º e 2º Grau Gerardo
Correia Lima, e em 2005 de Escola de Ensino Fundamental e Médio Gerado Correia
Lima oferecendo o Curso Técnico em Contabilidade.
Com
o passar dos anos a escola cresceu de maneira satisfatória, tanto no espaço
físico como no desenvolvimento intelectual e social dos nossos alunos.
Em 31
de dezembro de 2011 com o parecer 0391/2007, autoriza os cursos de educação
infantil, ensino fundamental e médio, reconhecidos e aprovados na modalidade de
Educação de Jovens e adultos.
Aos 28
de janeiro de 2015 através do Parecer 0281/2015, o Conselho Estadual de
Educação CEE. Recredencia como Escola de Ensino Fundamental Gerardo Correia
Lima e renova o reconhecimento do curso de Ensino Fundamental Regular e na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
No
ano de 2014, a Prefeita Ana Tereza Barbosa de Carvalho, através do Pregão FNDE,
renova toda a mobília de cadeiras e mesas para os alunos com 482 conjuntos de
mesas e cadeiras padrão MEC, mais 120 carteiras escolares. E em 2015 doa 731
blusas da farda para todos os alunos.
Em 27
de março de 2014, através da Lei Municipal de Nº
. 490/2014 autoriza o poder executivo a doar o
imóvel a si pertencente ao Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará
– IFCE, para a construção de uma Unidade Educacional desta Instituição no
município de Jaguaruana Ceará.
E no
mesmo ano foi encaminhado ao FNDE uma emenda para a construção de uma nova
escola Padrão MEC. Localizado no Bairro Caatinguinha.
Ainda
em 2015, com espaço cedido pelo IFCE, está localizada na avenida Dr. Antônio da
Rocha Freitas Nº 1566, deste Munícipio. Tendo como Diretor o professor Francisco
Farias Neto com um grupo de 89 funcionários e 731 alunos matriculados no
Educacenso. Na modalidade de Ensino Fundamental de 6º ao 9º ano e EJA anos
Finais. Os projetos e programas trabalhados na escola são: Biblioteca viva,
Sala de Leitura; Reforço Escolar; Projeto Peteca; Projeto JEEP- Jovens Empreendedores
Primeiros Passos; Convivência com o Seminário (Com Vida); Cultura
Afro-brasileira e Indígena; Feira de Ciências; Família na Escola; Atendimento
Educacional Especializado (AAE); Projeto Mais Educação; Conselho Escolar.
Em 2016
contamos com uma matrícula parcial de 662 alunos. Na modalidade de Ensino
Fundamental 6º ao 9º ano EJA anos finais. Além dos projetos trabalhados, foram
incluídos; Programa Saúde na Escola e o Sarau Literário.
“Somos uma Escola
viva onde buscamos no desenvolvimento das nossas ações uma Educação de
qualidade.”
Jaguaruana, Ceará. 14
de junho de 2016.
Fonte: Secretaria da E.
E. F. Gerardo Correia Lima
I
Mocidade vibrante e viril
Que as grandezas da Pátria
buscais
Estudai com amor varonil
E um futuro de glórias
alcançais
Refrão
A Escola, Correia Lima
Pelo brilho e primor da
instrução
Vem trazer, à Jaguaruana
Um exemplo para nova geração
II
A Escola é a luz, é um ninho
Nos ensina com todo carinho
As ciências do bem e do amor
III
Destemidos marchemos avantes
Com amor, em nossos corações
E no ritmo do Brasil gigante
Fortes seremos ligados as
nações
IV
Que os jovens com sublime
ardor
Tragam sempre ao Brasil de
amanhã
Um futuro, padrão de
esplendor. Cantando unidos com grande afã.
Autoria: Professora Lígia Santiago e Maestro Eduardo Alberto de Holanda
Fonte:
http://correialimacoordenacao.blogspot.com.br/
06:27
Essas
redes têm história: identidade e cultura nas redes de dormir de
Jaguaruana.
Entrevista
com a professora Dayane Jeisy de Oliveira, que em 2012, na sua
graduação em História pela UECE, escreveu a monografia com o tema
“Essas redes têm história: identidade e cultura nas redes de
dormir de Jaguaruana.”
O
que levou a pesquisar esse assunto?
O
que me levou a pesquisar, foi quando eu vim pela primeira vez aqui em
Jaguaruana, eu vi que em todo local tinha redes expostas, daí
resolvi pesquisar o porquê de Jaguaruana ser conhecida como terra da
rede. Era o objetivo maior identificar se esse título ainda
permanecia nos dias atuais ou não.
Logo
quando cheguei no município tinham lojas de redes expostas.
Inicialmente
eu tinha a curiosidade de saber quem foi o primeiro, sempre quis
saber o primeiro de tudo, quem tinha sido a primeira pessoa a
produzir rede e a partir desse momento dizer que agora Jaguaruana era
a terra da rede.
Mas
aí você cai no mito da origem que não tem como saber o princípio
de tudo quando a coisa surge e ganha esse renomeio, então o meu
objetivo passou de descobrir o início de tudo pra saber como que a
cidade via esse título já que não havia nenhum museu, nenhuma
exposição só a produção.
Então
eu vim com o intuito de se era só por questão econômica ou se
fazia realmente parte da história, e descobri que tem um pouco de
tudo. Na monografia percebi que muitas das situações era econômica,
que a crise da produção de redes tá perdendo esse renomeio é
questão econômica e que até os artesãos com quem conversei citam
essas situações de não produzirem mais por causa das dificuldades.
É que pra produzir uma rede você tem muito gasto, ás vezes não
tem o retorno desse lucro.
Muitos
artesãos quando eu entrevistei disseram que não era isso que
queriam para os seus filhos, ressaltam que Jaguaruana sim tem o
título de terra da rede mais por questão financeira, só cresceu
porque a produção principal daqui era a produção de rede, até
chegar o momento de ter a competição com a Paraíba, o que também
fez a produção decair muito aqui.
Que
importância você dá a esse fenômeno?
Eu
creio que a importância deve ser ressaltada. Não vejo muito no
município esse ressalve para a importância de tudo, deixar
registrado na forma de museu ou na forma de alguma exposição,
alguma coisa que deixe marcado que em Jaguaruana tem esse título. Em
nenhum outro local aqui no vale você vai ter a produção de rede,
nós temos as produções de rede aqui, e as doceiras do Córrego de
Areia, que é a produção de potes de barro, que é uma marca de lá.
Então
eu creio que a importância ainda deve ser registrada e que se tiver
como ser renomado algo que seja visto, visitado, que os jovens hoje
em dia possam conhecer a história do próprio município, que não
fique como se fosse a terra da rede, e digamos agora é do camarão e
daqui a um tempo Jaguaruana seja de outra coisa.
Eu
acho importante que seja realizado alguma atividade que ressalte essa
história, eu penso muito no museu, como criaram o Memorial da
Carnaúba, mas o foco principal, rede, não é ressaltado.
Pensando
na monografia e nessa importância, eu resolvi trabalhar no segundo
ano atividades que mostram a importância (da cultura da rede), então
o primeiro ato foi criar um site, que é um museu online onde pode
ser mostrado o modelo de produção, os tipos de rede, e alguma
curiosidade de Jaguaruana. O segundo passo, que é o dicionário
contendo palavras que são conhecidas entre os artesãos, e que
muitas vezes, os jovens escutam e não sabem o significado.
Então
a ideia seria ter um dicionário para se colocar na biblioteca, na
escola... Tinha também, o fato de trabalhar e colocar no Ensino
Fundamental como história local e que as crianças logo conheçam a
história, e que futuramente venham mais ideias.
Como
as pessoas veem a cultura da rede em Jaguaruana?
Pude
verificar que elas veem dois aspectos: essa cultura da rede como
complemento de renda, em muitos casos, tipo “eu utilizo a rede pra
complementar a minha renda, mas não quero que o meu filho siga o
mesmo passo eu. Continuo com a rede pra que ele possa ter um estudo e
saia de Jaguaruana”, como eu escutei nas entrevistas. O outro
aspecto é ter o lado da identidade, de ser algo que caracteriza o
município.
Como
foi feita a sua pesquisa? Qual a sua metodologia?
Quando
eu vim a Jaguaruana e delimitei a minha pesquisa, parti para as
entrevistas até porque minha monografia não dava pra ser feita com
textos, porque não tem no município. O que temos são gráficos do
IBGE, são sensos, temos um livro que conta, mas é desde a história
de quando Jaguaruana ainda se chamava de União, os nomes antigos até
se tornar Jaguaruana e fala da produção de redes, mas fala só que
era a principal economia do município e pronto, não tem mais nada
relacionado.
A
metodologia foram as entrevistas, a oralidade foi a única fonte que
eu tive, e a partir das entrevistas, eu sai separando os dados, o que
se pensava, e o porquê de eles não querem que os filhos participem
do processo de produção ou continuem como uma herança de pai pra
filho.
Claro
que também é necessário pontuar que eu conversei com artesãos que
tem as fábricas de fundo de quintal, não fui nas fábricas grandes
em Jaguaruana.
Talvez
se eu tivesse ido numa fábrica, não haveria escutado essa questão
econômica. Como eu falei com pessoas que produzem na própria casa,
fica difícil por que as vezes os equipamentos não são mais
avançados, aí não dá pra ter uma máquina que se avança com o
tempo, que não tem como comprar.
E
também como metodologia foram as fotos, tanto a oralidade como a
imagem eu prezei que na monografia tivesse foto para mostrar a
produção. A primeira parte é a divisão em forma de linha
cronológica, então inicialmente eu fiz uma introdução contando a
história de Jaguaruana, depois eu parti pra mostrar o processo de
produção e qual era a visão da população e dos artesãos e o
último passo foi falar da cultura se permanece. Se não? O quê que
mudou? O que que interfere? Se poderia perder o título de terra da
rede que na época muito se falavam que não e atualmente a gente
houve se falar que Jaguaruana não é mais a terra da rede então a
gente percebe que essa de marca de município se dá pela economia,
pelo que tá em auge no período, é o que demarca a situação.
Após
sua pesquisa, que reflexões você faz? Quais as memórias que a rede
pode deixar?
As
reflexões que eu faço é que se tenha uma maior valorização de
que merece uma maior divulgação, até mesmo pra que as novas
gerações saibam um pouco da história da sua cidade do município.
Também
faço muito essas reflexões no sentido que já comentei que é algo
que marque essa cidade, que não fique só no falar de um pra outro,
mas que tenha algo que quando entre no município ele registre que
conte um pouco da história, das modificações.
As
memórias são diversas desde o início da produção de forma manual
de trabalho muito grande para se produzir um número x de redes. Tem
como deixar como memória a transição de ser tanto histórica
quanto pela questão de ser mecanizado e fora mesmo os retratos, as
imagens dos interiores no final de tarde, ter uma pessoa na calçada
pra fazer varanda, bordar... Às vezes numa roda de conversa você tá
ali produzindo a rede pro seu sustento, de ter essa tradição, essa
questão de ter a ligação essa interação uma amizade talvez.
Vi
também na época a mambucaba ser feita em casa, tinha um negócio de
puxar corda fazer um trancelim, o carel. Vi uma que tinha uma
agilidade muito grande que fazia grade ou trança, tem a rede de
grade a rede de trança com uma agilidade uma destreza. Sabem bordar
uma flor linda feita a mão e se for pega esses artesões e pedir pra
eles contarem tem muita história que eles podem contar de época
difíceis ou épocas boas.
Antigamente
era muito difícil alguém não saber fazer rede o pai fazia, a mãe,
sempre deixando passar para o filho como forma de ajudar na renda,
antes era muito forte famílias vizinhança todos tinham essa
prática.
Atualmente,
eu acho que justamente por isso pela valorização, por que tem muita
gente que coloca como se não fosse uma profissão digna, porque
nenhuma mãe quer o que o seu filho vá para um fábrica pra produzir
rede, quer algo maior, acho que todas as comunidades criam esse
conceito.
Dayane Jeisy de Oliveira é licenciada em História pela UECE em 2012
e professora desta disciplina há 4 anos.
Processo de fabricação de "fundo de quintal" como se chama em Jaguaruana
Fotos do acervo da pesquisadora professora Dayane Jeisy de Oliveira