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IFCE - Instituto Federal do Ceará




A história do IFCE em Jaguaruana se confunde com a história de muitos estudantes da região do vale do Jaguaribe como nos diz o professor Evandro Melo, diretor deste campus.






Memórias de Jaguaruana: Como inicia a história do IFCE em Jaguaruana?
Evandro Melo: Primeiramente eu vou falar um pouco da minha história para poder falar da história do instituto. Em 1997 iniciavam-se em Limoeiro do Norte os cursos do CENTEC (Instituto Centro de Ensino Tecnológico) que ministrava cursos na área profissional. O CENTEC foi uma idealização do secretário de ciência e tecnologia, professor, hoje deputado Ariosto Holanda, e aí muitas pessoas do vale do Jaguaribe se inscreveram, Jaguaruana teve um número de inscrições muito expressivo nesse período e nisso eu me inscrevi, passei, sou da primeira turma de Eletromecânica. Isso mudou minha vida por que as perspectivas de futuro que a gente tinha mudaram. Naquele tempo não existia ENEM, só vestibular, era uma edição por ano e não se tinha a oportunidade de escolher entre várias universidades, só era aquela e se você perdesse não tinha o que fazer.
Então no CENTEC eu aprendi que a educação profissional, essa educação voltada para o mercado de trabalho muda a vida das pessoas, pois o que os jovens querem hoje é ter uma formação, saber fazer alguma coisa. Sem querer fazer crítica nem juízo de valor em relação a UECE, inclusive cheguei a estudar na UECE, fazia dois cursos, quem estudava na UECE estudava para ser professor e era o futuro que as pessoas que queriam avançar no estudo tinham por aqui. Com o início do CENTEC aí começou a haver o Ensino Profissionalizante, onde se aprende uma profissão e daí entrar no mercado de trabalho.
Fui aluno da primeira turma e uma coisa que me tocou muito naquela época é como é difícil para nós de Jaguaruana termos essa educação diferenciada. Quando terminei o curso em 19 de dezembro de 2000, foi o dia da minha formatura. No dia 5 de janeiro de 2001 nós já estávamos fazendo entrevistas para o mercado de trabalho. Alguns colegas de sala de aula já estavam até trabalhando, alguns foram selecionados para o grupo Votorantim, todos foram se engajando, mostrando que realmente existia um futuro no Ensino Profissional, porque há uma carência enorme de mão-de-obra especializada, sem falar de a pessoa poder montar o seu próprio negócio.
Então comecei minha vida profissional através do instituto, fui selecionado em um exame que teve no próprio CENTEC, trabalhei lá dando aula nos CVTs. Mesmo assim eu percebia a necessidade que existia de Jaguaruana ter Educação Profissional, que não enfrentasse tantas dificuldades como eu enfrentei. No início não tinha ônibus de dia para Limoeiro, só tinha à noite e nem era ônibus era pau de arara. Então quando iniciei tinha que ir de carona para Russas, pegava o ônibus que ia para Limoeiro, estudava, voltava para Russas e de lá vinha de carona para casa. Eu passei muita dificuldade, às vezes não tinha tempo para almoçar, às vezes ficava 12 horas acordado sem comer nada. Não tinha como parar, se parasse poderia passar uma carona.
Continuando, quando comecei a trabalhar no CENTEC começaram a haver cortes orçamentários, fui nessas levas de cortes. Quando saí do CENTEC em 2004 comecei a dar aulas aqui nas escolas do município, cursinho, Ensino Médio e Fundamental. Mas dois meses depois estava empregado nas indústrias, como Jaguatêxtil, Multicor. E em 2010 houve o concurso para o IFCE, graças a Deus eu passei, mas essa história de sofrimento que carrego não é da pessoa que mais sofreu, muitas pessoas que vieram antes de mim, estudavam em Limoeiro e precisavam se deslocar até lá sofreram com fome, dificuldades. Não foi nada fácil.
Então isso ficou em mim, a primeira coisa que eu fiz quando entrei em contato com o Façanha, diretor do campus de Limoeiro do Norte, foi lhe perguntar ‘Façanha, quando é que vai ter um instituto para Jaguaruana?’ Ele falou assim ‘Bem, Evandro, não tem previsão e isso depende muito da força política que vocês tem lá.’
Fiquei no aguardo. Em 2013 quando começou a haver a expansão do instituto o Façanha me disse que haveria mais dez campi novos pelo Ceará. Precisávamos nos movimentar politicamente, perguntei a ele como assim? Ele explicou que era para ir em Brasília e dizer que Jaguaruana tem merecimento de um instituto, tantos mil habitantes, quantidade x de alunos que se deslocam para Limoeiro do Norte que fica a quase 100 km. São dados que ao levar para o Ministério da Educação vão mostrar que tem necessidade. Tabuleiro do Norte que fica a 15 km de Limoeiro tinha um instituto e porque não Jaguaruana?
Daí entrei em contato com a prefeitura, estava no período eleitoral, então não foi possível fazer muita coisa nesse sentido, esperei passar. Em janeiro de 2013 falei com a prefeita e falei que haveria expansão e que Jaguaruana teria possibilidade de ganhar um IFCE, mas aí você vai ter que se movimentar politicamente e mostrar que Jaguaruana tem essa necessidade. Tudo bem, ela comprou a ideia, acionou o Secretário de Educação Municipal, Afraudízio Soares e nós decidimos sentar e criar um projeto para o IFCE em Jaguaruana. Teria que ser levado esse projeto para Brasília e mostrar os dados, os arranjos produtivos locais são esses, há necessidade de cursos nessas áreas, e assim por diante.
Esse levantamento para o projeto demorou em torno de um ano. Passamos um ano nos encontrando em reuniões, eu, Afraudízio, Emilson, João Paulo, Wesley e o professor Marcelo. Na época todos já eram professores do IFCE. E aí tínhamos o interesse de que o instituto se concretizasse aqui.
Entre essas reuniões surgiu a ideia de ser liberado para o IFCE o espaço que hoje é o Correia Lima porque seria o espaço mais ideal para o crescimento do instituto e seria uma boa contrapartida, já que o MEC naquela época exigia que o município desse a estrutura física, ou seja, o município teria que doar a estrutura para que o MEC dissesse, ‘É possível, pegue o instituto pra você’.
Foi aí que Russas perdeu essa batalha porque não se movimentou nesse sentido, já que eles queriam doar terrenos e ainda mais terrenos pequenos. O MEC fez uma análise, mandou ficais aqui, eles vieram, olharam o prédio, viram a possibilidade de crescimento e de utilização do prédio e apontaram Jaguaruana como a melhor opção para o Instituto Federal.
Foi então que com esse apontamento do MEC com o martelo batido de que seria o IFCE aqui em Jaguaruana foi levado à câmara dos vereadores para que fosse feita a lei de doação da escola. Essa lei de votação teve de votação unanime, todo o espaço que hoje compreende a Escola Gerardo Correia Lima foi cedido para ser o Instituto Federal. Escritura, laudêmios, isso tudo já está regularizado.
Hoje esse espaço é Instituto Federal do Ceará, Campus Avançado de Jaguaruana, claro que ainda vemos que há alunos e movimentação a Escola Gerardo Correia Lima por uma questão de tempo de adequação, sabemos que não tem como esses alunos que estão aqui sair de imediato e nem o instituto que causar esse impacto. O instituto quer que essa transição ocorra da forma mais tranquila possível e sem prejuízo para ambas as partes.

Memórias de Jaguaruana: Quais foram os cursos ofertados no início?

Evandro Melo: A princípio ofertamos dois cursos na modalidade FIC (Formação Inicial e Continuada) atendendo ao programa Mulheres Mil, quais foram Operador de Computador e Inglês Básico, essas turmas iniciaram em novembro de 2014 e finalizaram em fevereiro de 2015. Em seguida mais três cursos FIC Auxiliar Administrativo, Operador de Computador e Eletricista Predial de Baixa Tensão.
                Ainda em 2014 conseguimos aprovação em audiência pública de quatro cursos técnicos de nível médio e subsequente, Técnico em Informática, Técnico em Computação Gráfica, Técnico em Eletrotécnica e Técnico em Mecânica. Em 15 de fevereiro de 2016 iniciamos apenas os dois primeiros com duração de dois anos. Os outros dois serão posteriormente quando tivermos suporte estrutural.
                No segundo semestre de 2016 oferecemos mais duas turmas de Técnico em Informática e Técnico em Computação Gráfica no turno vespertino. Hoje, março de 2017, já estamos com 321 alunos e terminando o projeto pedagógico para o segundo semestre deste ano quando ofertaremos o curso superior em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. O processo de ingresso utilizará as notas do ENEM inseridas no SISU.
                Em meio a tudo isso contamos 90 vagas em cursos FIC como Matemática Elementar e Inglês Básico, voltado para professores de inglês da rede municipal de ensino. Ainda em 2016 ofertamos 12 bolsas de incentivo aos alunos e mais 43 bolsas de auxílio educacional.











Francisco Evandro Melo
Diretor do IFCE, Campus Avançado de Jaguaruana,
Bacharel em Eletromecânica – CENTEC,
Especialista em Engenharia da Segurança do Trabalho – FIJ,

Mestre em Engenharia Elétrica na Área de Energias Renováveis – UFC